Status sanitário do Brasil é decisivo para competitividade do setor, diz gerente da ABPA

2025 não foi um ano fácil para o setor brasileiro de aves. Em maio, foi confirmado o primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) em uma granja comercial do município de Montenegro (RS). Com isso, veio a restrição de mercados importantes como a China e a União Europeia, além de uma lista com mais de 20 países.
O resultado das restrições se traduz na previsão de um crescimento modesto nas exportações de carne de frango neste ano. Conforme dados divulgados pela Associação de Proteína Animal (ABPA), os embarques devem atingir até 5,5 milhões de toneladas, avanço de apenas 0,5% em relação a 2024.
Apesar dessa estimativa de alta moderada nas exportações, o setor de proteína animal defende que o trabalho dos produtores rurais brasileiros foi essencial para a reversão do cenário desafiador. A avaliação é do gerente-executivo de mercados da ABPA, Estevão Carvalho.
“O Brasil foi o último país entre os grandes produtores globais a enfrentar um caso de gripe aviária. Enquanto Europa, Ásia e Estados Unidos estavam tomados pela doença, nós ainda resistíamos”, afirmou. Em entrevista ao Canal Rural, ele falou sobre o nível de comprometimento do setor em relação ao status sanitário e na qualidade da nossa proteína animal.
Oportunidades na carne suína
No caso dos suínos, o panorama é mais favorável para o Brasil. Para 2025, a previsão é que as exportações brasileiras de carne suína cheguem em 1,49 milhão de toneladas, crescimento de 10% frente a 2024. O gerente-executivo da ABPA citou os danos causados pela peste suína africana em importantes produtores da proteína, como Filipinas e China.
Carvalho também lembra que recentemente a Espanha, o maior produtor de carne suína da UE, notificou um caso da doença. Nesse sentido, o mercado brasileiro pode ser favorecido.
“Torcemos contra as doenças — queremos um status sanitário global melhor. Mas a realidade é que países que enfrentam surtos acabam sendo restringidos parcial ou totalmente nas exportações, enquanto aqueles com status sanitário elevado ganham oportunidades”, explica.
Sustentabilidade é caminho sem volta
Além de atender os mais altos critérios de sanidade animal, o produtor tem que pensar em estratégias para o futuro da atividade. Com isso, Carvalho aponta que o investimento em tecnologia e sustentabilidade é prioridade para o Brasil. Na avaliação do especialista, porém, o comprometimento dos produtores segue como um grande diferencial para o Brasil. Segundo ele, é por causa dessa postura que o país conseguiu acessar diversos mercados.
“Essa é uma tendência sem volta. O consumidor global, de forma geral, está cada vez mais atento à origem da carne que compra. Por isso, além das questões de biossegurança, os investimentos em tecnologia e sustentabilidade são essenciais”, reforça.
